sexta-feira, 25 de maio de 2012
"Sinto-me perdido de mim mesmo, fora do meu alcance. A ânsia moral de lutar, o
esforço intelectual para sistematizar e compreender, a irrequieta aspiração artista a
produzir uma coisa que ora não compreendo, mas que me lembro de compreender,
e a que chamo beleza, tudo isto se me some do instinto do real, tudo isto se me
afigura nem digno de ser pensado inútil, vazio e longínquo. Sinto-me apenas um
vácuo, uma ilusão de uma alma, um lugar de um ser, uma escuridão de consciência
onde estranho insecto procurasse em vão sequer a cálida lembrança’ de uma luz."
Fernando pessoa
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